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Shoppings de São Paulo aderem às feiras orgânicas

4

mar 2016

Shoppings de São Paulo aderem às feiras orgânicas

O “freguês” se aproxima da banca. Olha, escolhe e decide levar. Depois de embalada, a verdura é colocada no carrinho de feira, onde já estão outros itens. A cena, comum em qualquer feira livre, ganha um ar inusitado quando as frutas, legumes e verduras são vendidas no corredor de um shopping center em uma grande cidade. “Nunca tinha visto uma feira dentro de um shopping. Vim só por isso”, diz o aposentado José Carlos Valério, o homem que puxava o carrinho.
A feira onde ele esteve iniciou as atividades no Atrium Shopping, em Santo André, no ABC Paulista. O local só comercializa produtos cultivados sem agroquímicos. É uma parceria com a Companhia Regional de Abastecimento Integrado do município (Craisa), ligada à prefeitura e que gerencia também entrepostos e sacolões. Com o ponto de venda no shopping – o primeiro na cidade – a companhia passa a administrar três feiras de orgânicos. As outras duas são na própria sede da Craisa e na prefeitura.
“É mais um perfil de consumo que o shopping pode agregar e o consumidor tem mais uma opção”, defende Hélio Thomaz Rocha, superintendente da companhia, a quem cabe também fiscalizar a certificação dos produtores de orgânicos. “Como a produção não é de grande escala, é mais fácil verificar”, comenta.
A Aliança 7B está entre esses feirantes. A entidade gerencia a logística e comercialização de duas cooperativas do município de Sete Barras, no Vale do Ribeira, sul de São Paulo. Reúne cerca de 200 associados e, desses, 160 fornecem diretamente produtos que são levados para o ABC, São Paulo, Embu das Artes e Taubaté, no Vale do Paraíba. Do total, 20% da produção são orgânicos.
A 7B participa de outras feiras e vende também para programas oficiais como o de Aquisição de Alimentos (PAA). Estar no shopping é novidade para esses produtores rurais. Agricultor familiar em uma área de 15 hectares em Sete Barras, Gilberto Ohta de Oliveira acredita ir ao encontro da demanda por uma alimentação mais saudável manifestada pela população dos centros urbanos. “Os consumidores estão mais conscientes e querem conhecer o agricultor. O shopping ajuda a gerar essa empatia”, diz ele. “Nosso trabalho em feiras ainda é pequeno, mas é uma grande saída porque traz capital de giro”, acrescenta, informando que esse modo de comercialização representa 1% da receita da Aliança 7B.
Mais feiras
Ainda pouco comuns em shoppings, as feiras começam a ocupar áreas desses complexos frequentados por milhares de pessoas todos os dias. No município que empresta o “B” para o ABC Paulista, São Bernardo do Campo, desde agosto do ano passado, o Shopping Metrópole realiza a chamada Noite de Feira.
Promovida às terças, é uma parceria com a Cooperativa Nacional de Produtores Agrícolas e Agronegócios (Coonagro). São 17 barracas com frutas, verduras e legumes, além de pastel e caldo de cana. A administração do shopping não contabiliza o número de frequentadores que toda semana passam pela feira especificamente, mas estima um público potencial de 20 mil pessoas, a movimentação média do dia em que o evento é realizado.
Na capital paulista, quem aderiu à ideia foi o Shopping Villa Lobos, no Alto de Pinheiros, região oeste da cidade. Aos domingos pela manhã, é instalada uma feira só com produtos orgânicos, promovida em conjunto com a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), entidade que há mais de 25 anos incentiva esse modo de produção.
Para os representantes da AAO, também é a primeira experiência de venda em shopping. O secretário executivo, Marcio Stanziani, explica que a associação foi contratada para montar a feira. O faturamento com as vendas é do produtor, que, assim, tem mais uma opção para levar seu produto direto ao consumidor. Para o shopping, é uma forma de associar sua marca à questão da sustentabilidade. “Consolidar leva tempo, mas temos uma clientela constante fazendo suas compras semanais e também clientes novos. Há todo um processo ainda por acontecer”.
A considerar o que diz quem participa do negócio, os frequentadores de shoppings em São Paulo podem esperar por mais opções. O secretário executivo da AAO não dá detalhes, mas informa que pelo menos outros três já negociam com a prestação de serviço semelhante ao do Villa Lobos.

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