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Serviços de entrega de orgânicos estão mais acessíveis

20

mar 2019

Serviços de entrega de orgânicos estão mais acessíveis

Com um crescimento em torno de 25% ao ano e movimentando cerca de R$ 4 bilhões em 2018, o consumo de alimentos orgânicos está em alta no Brasil. O país está se consolidando como grande produtor, com aproximadamente 17 mil propriedades certificadas, em todas as unidades da federação, sendo a maioria composta por pequenos produtores.

Quem lidera a produção é a Região Sul, com pouco mais de 6 mil produtores, seguida das Regiões Sudeste e Nordeste com cerca de 4 mil. Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae, no ano passado, 63% são produtores exclusivos de orgânicos e os principais produtos são frutas, hortaliças, raízes, tubérculos, grãos e produtos agroindustrializados.

Na contramão do avanço no uso de agrotóxicos na agricultura convencional brasileira, a procura pelos alimentos orgânicos continua crescendo, especialmente entre aqueles que desejam adotar um estilo de vida mais saudável. E é nesse público que as empresas de delivery tem apostado para impulsionar seus negócios.

A publicitária Aline Borges, 45 anos, veio de São Paulo, onde já possuía um delivery de orgânicos, com a proposta de abrir um negócio semelhante na Ilha de Santa Catarina e levar alimentos orgânicos para todos, a um preço justo. “O orgânico ainda é visto como um alimento para a classe A e queríamos desconstruir isso. Ele é naturalmente mais caro porque é manual, demanda muito mais do agricultor, mas ainda assim pode ser rentável”, revela.

Aline conta que o primeiro passo foi conhecer vários agricultores, que viraram parceiros, e entender de forma mais ampla que o conceito do orgânico vai além da isenção de agrotóxicos. “A partir do momento em que começamos a entender que esse conceito também envolve um processo socioeconômico sustentável, passamos a valorizá-lo mais”, explica.

Há cerca de um ano, ela fundou o Sr. Orgânico Delivery, em Canasvieiras, junto com a irmã Andreia e o amigo Carlos Eduardo. Para Aline, o investimento inicial não é alto, mas o negócio exige um cuidado muito grande, especialmente no relacionamento com os clientes.  “Demora para ser rentável e lucrativo, é um trabalho de formiguinha, de conscientização, que começa no boca a boca. É preciso conversar com os clientes, ter um contato pessoal para estabelecer uma relação de confiança e ser muito honesto”, analisa. “Também precisa se preparar para o clima, pois no verão o cuidado com as verduras é redobrado, sendo necessário um carro climatizado, por exemplo”.

Em média, a empresa entrega entre 15 e 20 caixotes (retornáveis) por semana. O pedido mínimo é de 50 reais (feira livre), mas também é possível fechar pacotes quinzenais, mensais, bimestrais ou trimestrais, o que garante descontos de até 10% no valor final.  A taxa de entrega pode chegar a 15 reais.

O público que busca essa praticidade também é o foco do casal Thiago Martins, 35, e Cristina Medeiros, 36, que fundaram a Natuorganics, em 2016. O sonho de trabalhar nesse ramo e desenvolver uma horta caseira começou em 2011, quando eles mudaram de Florianópolis para um sítio em São Pedro de Alcântara, a 40 quilômetros da capital. “Ainda tínhamos nossos empregos, eu como publicitário e a Cristina como veterinária, mas começamos a idealizar o negócio, pesquisar o mercado”, conta Thiago.

Em 2016, Thiago largou o emprego e passou a se dedicar ao negócio, ao mesmo tempo em que mapeava empresas de delivery de orgânicos e continuava a se aprofundar no tema. Resolveu apostar na personalização. A empresa oferece planos mensais que variam entre 90 e 165 reais, onde o cliente recebe cestas personalizadas semanais, com itens dispostos em uma lista semanal.

Foi pensando em melhorar a qualidade de seus pratos, que a renomada chef de cozinha Sônia Jendiroba, 68 anos, resolveu deixar sua vida no centro da Capital e morar em um sítio no bairro rural de Ratones, no Norte da Ilha. Entre morros e o canto dos passarinhos, ela cultiva 90 mil pés de hortaliças, temperos e legumes orgânicos certificados pela Rede Ecovida.

Com mais de 20 anos de experiência em alta gastronomia e 35 anos atuando no ramo de eventos, a pioneira no restaurante por quilo em Florianópolis começou a plantar há 11 anos. Ela estudou sobre a produção e aprendeu a fazer biofertilizantes e os próprios repelentes naturais. Hoje, mantém apenas um funcionário que a ajuda na plantação.

A clientela se cadastra pelo Whatsapp e, aos domingos, recebem uma relação de produtos disponíveis na semana. É possível escolher tipos e quantidades, sem obrigação de comprar toda semana. Os pedidos (valor mínimo R$ 22,50 e taxa de entrega de R$ 7,50) são recebidos até as 16h do dia anterior à entrega, com distribuição uma vez na semana (exceto para restaurantes e revendedores), por áreas: Norte da Ilha, Centro e Lagoa/Sul da Ilha.

A colheita é feita na madrugada e a entrega é até o meio-dia para manter o frescor dos alimentos. “Também faço algumas feiras, inclusive em escolas – o que pretendo ampliar este ano – e o que não é vendido deixo em um asilo”. Atualmente, a empresária conta com uma rede de 20 parceiros e atende cerca de 300 famílias.

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