Errar é humano, mas não reconhecer o erro e passar como verdade a informação é onde mor o pecado. E a imprensa mostra falibilidade especialmente em acidentes, como no caso do vôo 402, da TAM, em novembro de 1996.

O ombudsman da Folh de S.Paulo na época, Marcelo Leite, chamou a cobertura da mídia de Pane jornalística no vôo 402. O que mais me chamou a atenção, e nunca foi desmentido, foi a informação dada em programa jornalístico da TV de maior audiência.

Repórter dava como certo um heroico diálogo entre o comandante José Antônio Moreno e a torre de controle de vôo de Congonhas. Por meio da conversa, o piloto estaria livrando a escola Dr. Ângelo Mendes de Almeida e seus quase 800 alunos da morte.

Abertas as caixas-pretas da aeronave, onde também ficam registradas as conversas dos pilotos com a torre, pouco se recuperou em meio aos ruídos e gritos aparentes. De verdade, registrou-se o seguinte:

– Passa pra mim! – diz o comandante ao pedir o comando da aeronave ao copiloto.

– Pô, desligou de novo! – exclamação do comandante ao tentar, imagina-se, aumentar a potência da turbina. – Vou ligar na mão!

– Deixa que vai dar – falando ao copiloto. – Nós vamos sair dessa!

– Em cima, em cima – possivelmente tentando desligar o autothrottle, que controla o automático na aceleração.

– Meu Deus!