
27
jun 2016“O pior já passou”, diz Cristiana Lôbo no Fórum Francal
“Enquanto as cigarras ficaram cantando lá em Brasília, as formigas aqui de São Paulo continuaram trabalhado”, disparou uma bem-humorada Cristiana Lôbo para a plateia. A jornalista começou a conversar com o público avisando que estava enxergando uma luz no fim do túnel, só não sabia se era de uma vela, led ou algo mais potente, brincou.
Segundo ela, o mundo de lá (Brasília) está começando a enxergar o de cá (setor produtivo). “Brasília gira num hardware diferente do País”, atesta. Para Cristiana há sinais na economia, que não caminha dissociada da política, que evidenciam o fim do buraco.
A pavimentação da recuperação está na diminuição da inflação, por exemplo, e os mais otimistas já acreditam numa recuperação no último trimestre para crescer algo como 2% em 2017. “Há uma mudança de estado de espírito no País”, comentou.
Para ela, que trabalha em Brasília desde 1979, crise não é novidade, mas uma tão profunda e prolongada não é algo corriqueiro num País que já derrubou um presidente da República, elegeu um operário para o mesmo cargo e fez uma CPI que desmontou metade do Congresso e que vai acontecer de novo.
Sobre o período do governo Lula, a quem elogiou pelo programa de distribuição de renda, lembrou, como outros críticos, ter se mostrado “um voo de galinha” – alçou voo e logo caiu. “Lula preferiu surfar em vez de melhorar muita coisa”, observou.
Agora, o caminho indica ser necessário uma série de reformas, entre elas a da Previdência. Especialistas dizem que se fosse feita neste instante, limitando a idade para homens a 65 anos e mulheres 60, ainda assim não sairíamos do buraco. O mesmo para a reforma trabalhista. No Japão, anualmente acontecem 2.500 recursos trabalhistas à Justiça, 75 mil nos EUA e, no Brasil, nada menos que 2,5 milhões no mesmo período.
A reforma política é outra necessidade iminente. Há 35 partidos, 29 deles com representação no Congresso, o que torna o andamento do governo moroso. Só para sustentar essa engrenagem são gastos R$ 1 bilhão. As mudanças na área da educação também são urgentes, particularmente porque se gasta oito vezes mais com o ensino superior do que com o básico, transformando muita gente em analfabeto funcional – sabe ler, mas não compreende ou assimila o conteúdo.
Finalizando a palestra, Cristiana observou que todos nós, agora, estamos vendo que andar na linha faz bem, porque antes os espertos é que pareciam estar certos e os honestos pareciam idiotas.
A jornalista acredita ser inevitável a volta da CPMF, por conta do déficit de R$ 170 bilhões, mas que a recuperação da economia já começou. A mensagem que passa é que, de fato, o pior já passou e que o País vai retomar o rumo do crescimento.