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“O jogo virou para quem é do jornalismo”, avalia a especialista em moda Deborah Bresser

18

fev 2018

“O jogo virou para quem é do jornalismo”, avalia a especialista em moda Deborah Bresser

Para a jornalista Deborah Bresser, o ano de 2018 será de comemoração. São 30 anos completos na cobertura de moda na imprensa brasileira, com uma carreira de sucesso nos principais veículos de São Paulo, incluindo os especializados como Glamurama, de Joyce Pascowitch, e Petiscos, de Julia Petit. Além do largo caminho trilhado, a profissional também se orgulha de ter se encontrado no nicho que define como “perfeito” para a moda: a internet.

Atualmente, Deborah é editora do R7 Meu Estilo, no Portal R7. Paulistana do Bom Retiro – bairro berço de muito que se vê nas vitrines do país inteiro há décadas -, seu primeiro trabalho, aos 20 anos de idade, foi em veículos voltados às passarelas, como o Guia Oficial da Moda, o Toda Moda Profissional, as revistas Etiqueta e Cores e Tecidos.

No extinto Jornal da Tarde, escreveu ao longo de 13 anos, depois de passar pela reportagem de moda no Caderno 2 do Estado de S. Paulo, e pelas assessorias de imprensa da DCS Perfil e Francal.

Confira um pouco do que pensa a respeito da moda uma das maiores referências no jornalismo especializado no Brasil, e quais são seus conselhos para quem deseja seguir a mesma carreira.

FRANCAL: Como você se interessou pelo jornalismo de moda?
Deborah Bresser: Tive a oportunidade de fazer um curso de Comunicação Têxtil na Rhodia, no último ano da faculdade, em 1988, e ali tomei contato com esse braço do jornalismo, que ainda era incipiente no Brasil.

FRANCAL: Qual foi seu primeiro emprego na área, quais eram suas funções?
Deborah: Assim que me formei, em janeiro de 1989, comecei a trabalhar como repórter na mídia especializada, voltada para lojistas e confeccionistas. Era o Guia Oficial da Moda. Isso me deu uma noção geral da cadeia produtiva e da relevância da moda como tema jornalístico.

FRANCAL: O que naquela época chamava sua atenção neste universo? Criadores, tendências etc.
Deborah: Era o final dos anos 80, os fabricantes de jeans ainda ditavam as regras da moda. Foi também o início da derrocada dos polos fabris no Brasil, como Nova Odessa e região, com a abertura das importações. O desenvolvimento de microfibras dominava as notícias sobre tecnologia têxtil. E, os primeiros grupos de estilistas ganhavam força, como o Grupo São Paulo de Moda. Entre os criadores, Conrado Segreto despontou como nome forte na época, e fez desfiles memoráveis na Casa Rhodia e no Museu do Ipiranga. A Fenit ainda era a grande feira de moda, e trazia nomes do cenário internacional para desfilar. Os eventos de moda, como o pioneiro Phytoervas Fashion, depois o Morumbi Fashion, e, por fim, o São Paulo Fashion Week, estes só surgiram alguns anos depois.

FRANCAL: Qual dos seus empregos mais motivou você e acrescentou boas experiências?
Deborah: O Jornal da Tarde, sem dúvida, foi o veículo no qual pude exercer diferentes funções e construir um trabalho sólido na cobertura de Moda e Comportamento. O IG teve sua importância por ter sido minha primeira experiência exclusivamente online, para onde migrei e na qual pretendo permanecer. Para conteúdo de Moda e Beleza, a internet é um veículo perfeito.

FRANCAL: Para quem está de fora, parece inevitável que jornalistas de moda se sintam compelidos a seguir as tendências com as quais se tem contato. Você entrava nas modas que via nas passarelas? Qual tendência mais conquistou você ao longo da carreira?
Deborah: Nunca fui uma vítima da moda (risos). O olhar fica mais treinado, a gente se deixa influenciar às vezes por cores ou pelo trabalho de alguns estilistas. Mas eu sempre me considerei muito básica. Nunca entrei nas modas, mas certamente aprendi muito sobre construir o próprio estilo e ter segurança de usar a moda como uma forma de expressão.

FRANCAL: O que a cobertura de moda tem de mais interessante, para quem tem vontade de seguir carreira na área?
Deborah: Há muita ilusão de quem está de fora da área, aquela ideia de que tudo é luxo, glamour e riqueza. Mas a cobertura de moda é, antes de tudo, jornalismo. Como tal, significa longas jornadas de trabalho, baixa remuneração, mas uma estranha alegria de contar histórias, conhecer pessoas e descobrir novidades.

FRANCAL: Quais são seus conselhos para quem tem o desejo de seguir esta carreira?
Deborah: O mercado de jornalismo de moda mudou muito. Hoje, há inúmeras blogueiras, influencers, youtubers, instagramers, enfim. O jogo virou para quem é do jornalismo. O fluxo da informação mudou. Hoje, com um tuíte, a notícia está dada. Na minha opinião, quem pensa em atuar na área tem de, obrigatoriamente, focar o mercado virtual. As revistas são poucas, o espaço para o tema nos jornais quase não existe, mas, em contrapartida, a internet ainda é um campo que parece inesgotável.

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