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Fisiculturismo vegano: existe, é eficiente e ganha competição

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out 2018

Fisiculturismo vegano: existe, é eficiente e ganha competição

“Consumia 20 claras de ovo e 1 kg de carne de peito de frango por dia quatro anos atrás”, disse Felipe Garcia do Carmo à Gazeta Esportiva. Aos 32 anos, o fisiculturista mudou de hábitos e estilo de vida não só por conta de seu cotidiano de treinos e desejo de vencer competições, mas também por um motivo que, segundo ele, já foi bastante criticado por outros atletas: o amor pelos animais.

“Sou muito mais feliz agora do que quando era atleta onívoro. Minhas preparações são prazerosas. Os alimentos proteicos vegetais, assim como os outros nutrientes, são de rápida absorção e liberam mais hormônios responsáveis pela sensação de bem-estar, sem contar a variedade e a quantidade de alimentos que posso incluir em minhas refeições”.

Natural de Sorocaba, no interior de São Paulo, “Fefeu”, como é conhecido, pratica musculação desde os 19 anos e também treina outras pessoas em sua profissão, de educador físico e personal trainer. Como atleta, foi o primeiro fisiculturista vegano a conquistar uma competição no Brasil, o II Campeonato de Fitness e Musculação, na categoria Class 1 (acima de 1,79 cm), em 2015, na cidade de Mairinque

Segundo o fisiculturista, existem, ainda, alguns preconceitos que cercam o veganismo, um tema coberto por estigmas e falta de conhecimento, mas ele disse já ter percebido uma melhora quando o assunto é debatido. “Sofri bastante preconceito no início tanto por colegas da academia quanto por atletas fisiculturistas. Para eles era um absurdo um vegano ganhar músculos ou definir músculos comendo o que eu comia”, lembrou.

“Depois de alguns meses eles me apoiaram, viram na prática o desenvolvimento da minha musculatura, o aumento do desempenho nos treinos e a qualidade corporal. Viram ao vivo que é possível ser um atleta fisiculturista e que nossas proteínas, nosso estilo de vida, são compatíveis em qualquer modalidade”.

Fefeu garante que não enfrenta nenhuma dificuldade a mais por ter escolhido ser vegano. “O veganismo me traz paz, reflexão e sentimentos edificantes. É maravilhoso ser vegano e não é mais difícil competir por isso. Em meu primeiro campeonato, subi no palco com 80 kg, era onívoro. Anos depois, já vegano, disputei outro campeonato, em Mairinque, e estava com 91 kg, muito mais definido e com muito mais volume do que antes. Como digo, proteína é proteína”.

Para conseguir seus resultados, o fisiculturista tem um planejamento definido de treinos e alimentação regrada. “Cada pessoa possui um corpo e um sistema. Eu iniciei errado como vegetariano e só depois de uma consulta adequada com nutricionista é que me encontrei e melhorei meu rendimento”, aconselhou.

Com relação à dieta, Felipe disse fazer refeições pré-competição com alimentos baratos e de fácil acesso. “Basicamente utilizo as fontes proteicas de feijão, lentilha, grão de bico, tofu, proteína de soja e soja, além de proteínas vegetais em pó, do arroz e da ervilha. Já os carboidratos ficam por conta do arroz, batata, mandioca, frutas, legumes e verduras em geral e consumo bastante oleaginosas também”, indicou.

Assim como outros atletas da categoria e também de outras modalidades, Fefeu consome proteína em pó, os chamados suplementos esportivos. Ao contrário do que muitos pensam, não existem apenas proteína no soro do leite, mas também em oleaginosas que resultam nos suplementos veganos. Além da proteína em pó, ele também faz uso do BCAA, creatina e glutamina veganos, mostrando que o mercado de suplementos nesta categoria se desenvolveu, assim como todos os outros segmentos.

Para ele, sua luta é não apenas no ringue. Ser vegano é conseguir unir tudo que ele acredita e ainda trabalhar em um meio no qual a carne animal e derivados são predominantes. “Se o sonho de todo vegano é atrair o máximo de pessoas para conhecer a filosofia de vida e a refletir sobre os animais e o planeta, meu objetivo foi atingido com essa popularidade pós-campeonato. A vitória não foi minha, foi nossa, da nossa causa, do nosso veganismo, e sou grato por ter feito parte disso”, finalizou.

 

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