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nov 2018Cultivo de algodão agroecológico volta a ser incentivado no semiárido brasileiro
O Instituto C&A, em parceria com a ONG Diaconia, Embrapa Algodão, Universidade Federal de Sergipe e ONGs locais, acaba de lançar, na Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato/PI, o projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos.
A iniciativa visa fortalecer a atuação de OPACs (Organismos Participativos de Avaliação de Conformidade Orgânica), por meio do resgate e fomento ao cultivo do algodão orgânico no semiárido brasileiro.
O trabalho terá duração de dois anos, e tem como objetivo principal fortalecer a agricultura familiar por meio do consórcio agroecológico com algodão em nove territórios do semiárido, abrangendo sete estados situados no Nordeste.
“Esta parceria nos permite impulsionar a produção do algodão agroecológico por meio do fortalecimento de organizações locais. Ela nos ajuda a cumprir alguns dos objetivos da atuação do Instituto C&A: melhorar a qualidade de vida das trabalhadoras e trabalhadores rurais e, ao mesmo tempo, transformar a indústria da moda em uma força para o bem”, explica Luciana Pereira, gerente de Matérias-Primas Sustentáveis do Instituto C&A.
O projeto fornecerá apoio financeiro, técnico, gerencial e produtivo às organizações participantes. A geração de renda, o desenvolvimento das organizações sociais – principalmente das OPAC -, a conservação dos recursos naturais e a expansão do comércio justo e da produção orgânica do algodão são os principais resultados buscados.
“A iniciativa retoma uma atividade que começou há cerca de 10 anos e resultou na formação das primeiras OPACs, que representam as 800 famílias de agricultores do Nordeste certificadas a emitir o selo de produto orgânico. Queremos criar uma rede entre essas organizações para expandir a produção do algodão agroecológico ao longo de todo o projeto”, complementa Fábio Santiago, engenheiro agrícola, coordenador do programa na ONG Diaconia.
A cultura do algodão é uma importante fonte de renda das produtoras e produtores da região. Dessa forma, o projeto é uma oportunidade de melhora nas condições de vida.
“Grande parte das famílias inseridas no projeto são lideradas por mulheres, uma conquista muito significativa. Elas começaram a participar mais das nossas ações e a se interessar mais em adquirir novos conhecimentos, o que aumenta a renda familiar, acarretando uma melhoria na qualidade de vida”, afirma Maria de Fatima da Conceição Sousa, representante da Associação dos(as) Produtores(as) Agroecológicos do Semiárido Piauiense.
O manejo do algodão, quando não realizado de forma adequada, pode causar impactos socioambientais, como o uso excedente de recursos hídricos e utilização de químicos no combate a pragas. De acordo com informações da Embrapa Algodão, menos de 1% do algodão produzido no mundo é orgânico.
“Quando nos voltamos à produção nacional, esse número não chega a 0,1%. É por isso que o algodão sustentável é um tema que temos trabalhado com tanta ênfase no Brasil. Seguimos buscando iniciativas e parceiros que atuam nessa causa e que contribuem para o desenvolvimento da produção de algodão agroecológico em nosso país”, conclui Luciana.