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Abicalçados lança relatório com dados do setor

21

out 2016

Abicalçados lança relatório com dados do setor

Com o objetivo de fornecer uma base de dados completa para o setor de calçados tomar as decisões estratégicas importantes em meio a um cenário ainda nebuloso, a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) lançou o Relatório Setorial da Indústria de Calçados Brasil 2016.
Além dos números, a entidade fornece uma análise do período de apuração e também uma projeção para o ano seguinte, desenvolvida pelo doutor em economia e consultor Marcos Lélis.
O assessor executivo da Abicalçados, Igor Hoelscher, explica que a metodologia foi baseada no cruzamento de dados colhidos com empresas do segmento e os números oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “São dados sólidos compilados das empresas do setor e com a base populacional da Pesquisa Industrial Anual (PIA) que nos permitiram evoluir na análise e detalhamento dos números”, frisa.
No relatório, figuram números como a produção de calçados, que em 2015 ficou em 944 milhões de pares, 5,7% menos do que em 2014. Segundo o economista Marcos Lélis, que analisou os dados, o resultado negativo passa pelas dificuldades inerentes à crise econômica enfrentada pelo País e pela fragilidade da competitividade nacional no mercado externo.
A queda na demanda interna por calçados, de 5,3% entre 2013 e 2015, também é um indicativo das dificuldades encontradas pelo setor calçadista. Em 2015 o consumo ficou em 853,3 milhões de pares ante 905,4 milhões em 2014 e 952,4 milhões em 2013. O uso da capacidade instalada da indústria de calçados, por sua vez, ficou em 72,9%, abaixo da verificada em 2014 (78,5%) e em 2013 (83,8%). “A questão afeta fortemente os investimentos em tecnologia e otimização de processos”, avalia Lélis.
A boa notícia, segundo o economista, é de que existe um abrandamento da queda verificada desde 2013. “A perspectiva é que a partir de 2017 ocorra uma leve retomada no consumo de calçados”, projeta. Segundo ele, além de uma retomada do consumo, a expectativa para 2017 passa pelo incremento das exportações, embora o cenário ainda esteja um tanto nebuloso em consequência da volatilidade cambial.
Em 2015, a exportação de calçados gerou US$ 960,4 milhões, número deve fechar entre US$ 974,8 milhões e US$ 933,5 milhões em 2016. Em 2015, os Estados Unidos foram o principal destino dos produtos brasileiros, representando 20% das receitas geradas com as exportações. No segundo posto ficou a Argentina (7%) e a França (5,7%). “A possibilidade de recuperação em 2016 passa, principalmente, por uma melhora no desempenho de dois países: Estados Unidos e Argentina”, comenta Lélis.
Segundo Lélis, a evolução da taxa de câmbio, média trimestral, indica uma desvalorização mais acentuada do real em relação ao dólar americano desde o segundo trimestre de 2014, quando o câmbio era de R$ 2,33 por dólar. Essa desvalorização atingiu o pico de R$ 3,91 no primeiro trimestre de 2016 e após esse período tornou volátil um movimento de valorização da moeda nacional.
“Esse processo foi causado pela necessidade de combate à inflação, considerando o impacto do câmbio nos custos, e a expectativa de que a taxa de juros dos Estados Unidos não se altere no curto prazo”, comenta o economista, ressaltando que o quadro atual projeta uma taxa de câmbio próxima de R$ 3,29 no final de 2016.
Um dos destaques do primeiro relatório setorial lançado pela Abicalçados é o Índice de Competitividade das Exportações de Calçados, que coloca o Brasil na 11ª posição. “Em 2010, o Brasil ocupava o oitavo posto, o que indica uma perda considerável no fator competitividade, o que ocorreu pela volatilidade do câmbio e a perda de participação em mercados importantes, caso da Argentina, que de 2012 a 2015 utilizou o protecionismo para manter as suas parcas reservas internacionais”, avalia o Lélis.
Além dos números citados, o relatório ainda conta com ranking dos principais países produtores, exportadores e consumidores de calçados do mundo, a segmentação dos produtos fabricados no Brasil, os volumes produzidos em cada Estado, entre outros dados relevantes.
De livre acesso, o relatório está disponível para download no link http://bit.ly/2e2UaN4.
O Relatório Setorial da Indústria de Calçados Brasil 2016 foi produzido pela Abicalçados com o apoio da Associação Brasileira das Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal) e patrocínios da Braspress, Caimi & Liason e Orisol.

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