Realizada em um momento em que o setor couro-calçadista assimila a queda de 6,7% em volume e 7,9% em receita nas exportações de calçados brasileiros, além de um cenário morno no mercado interno, a 50ª Francal (Feira Internacional da Moda em Calçados e Acessórios), que acabou ontem, em São Paulo, deu novo gás para o setor no segundo semestre. A maioria das 43 empresas francanas que participaram da feira classificou os resultados obtidos como razoáveis ou bons.
Para o gestor comercial da Radamés, Fernando Santoro, a 50ª Francal foi satisfatória. Segundo ele, a queda no número de expositores de calçados masculinos ajudou no resultado. “Posso dizer que os nossos pedidos e os contatos com possíveis compradores foi melhor que no ano passado, por isso tivemos uma grata surpresa. Trabalhamos com bolsas e calçados masculinos. Caiu o número de expositores de linhas masculinas nessa feira e isso nos ajudou”, disse.
Participando pela primeira vez da Francal, a Gogowear, que tem como forte a linha masculina, vendeu nos primeiros três dias, incluindo dois pedidos de exportação, cerca de 9 mil pares. “Essa é a produção de duas semanas da minha empresa, por isso considero o resultado razoável. Não é o que desejávamos, mas é o que o atual mercado permitiu”, disse o diretor Amarildo Pacheco.
Com uma linha completa de tênis femininos e apostando nos mules, a Byara fechou diversos negócios durante a feira. “Antes trabalhávamos com três linhas: feminino, masculino e infantil. Agora focamos no feminino e apostamos na Francal para as vendas. A nossa participação foi bem positiva e conseguimos fechar o equivalente a produção de dois meses e meio. A expectativa é com certeza voltar nas próximas”, disse Eduarda Freitas, uma das proprietárias da empresa que está há mais de 20 anos no mercado.
“Podemos dizer que a feira foi razoável. As feiras perderam muito o espaço e o resultado está longe do que era alguns anos atrás. Mas acredito que isso esteja ligado diretamente à instabilidade econômica e à insegurança por parte dos compradores, que ficam com medo de comprar”, disse o diretor comercial da Anatomic Gel, Jean César, que destacou ainda que é necessário mudar a data da feira (no ano que vem, a feira mudará para o início de junho).
Nova Francal
Com uma nova proposta para essa edição comemorativa de 50 anos, focando tanto na realização de negócios como também na informação de moda e tecnologia, além de um visual mais moderno e com cara de shopping se transformando em uma grande vitrine para os lojistas, o presidente da feira, Abdala Jamil Abdala, avaliou como satisfatório o resultado do evento.
“Em um contexto geral a Francal agradou. Realizamos uma feira mais profissional e informativa com conteúdo focado na moda e na tecnologia, mas nunca esquecendo da importância da geração de negócios”, disse o presidente. “Os lojistas vieram para o evento com o propósito de fechar negócios e isso aconteceu. Lógico que não no volume que gostariam, mas no volume permitido no mercado atual que vivemos”, completou.
Presente em mais de 20 anos na feira, o diretor da Álbanus, Silvio Carvalho, afirmou que a feira está longe do ideal, mas mesmo assim ainda comemorou o resultado. “Negociamos a produção de 20 a 30 dias, bem longe de feiras anteriores, mas ainda assim razoável pelo atual cenário que vivemos”, disse.
Francal 2019
Com uma nova data, prevista para acontecer entre os dias 3 e 5 de junho de 2019, a 51ª Francal, que deve acontecer novamente no Expo Center Norte, em São Paulo, promete seguir a linha de inovação priorizada neste ano.
“Atendemos uma antiga reivindicação do mercado transferindo a data para o mês de junho e antecipando as coleções. Costumo dizer que a Francal é similar a um garçom do mercado e estamos aqui para servir. O objetivo é manter uma feira dinâmica e atenta para o setor calçadista, fornecendo o que os expositores precisam”, disse o presidente da Francal, Abdala Jamil Abdala.